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na comunidade que em um mês já começamos a ter retorno”, recorda.​

 

O principal motivo de encerramento das atividades do jornal foi relacionado à sua saúde. Chaves conta que sofreu um infarto decorrente do estresse causado pela sua rotina de trabalho. “Eu fui quase morto para Porto Alegre, precisei colocar ponte de safena”. Depois do susto, sua esposa e sua filha o pressionaram quanto ao fim do jornal. Então, em 2009 o Alternativo fechou as portas.

 

Chaves se mostra saudoso dos catorze anos de produções impressas na cidade, e confessa já ter pensado em retornar às atividades jornalísticas, principalmente quando é questionado por amigos ou antigos leitores sobre a volta do jornal.​ Depois do fim do Alternativo, São Borja passou a contar com dois veículos impressos que circulam até hoje: o Folha de São Borja e o jornal O Regional.

Tiago Cadó - Professor de História
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Israel Lopes - Advogado/pesquisador
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Os Jornais do Passado

Acervo do Instituto Histórico e Geográfico do RS
Jornal Missioneiro, de 1903
Jornal Missioneiro, de 1914
Edom Azambuja fala sobre o Uruguay
Galeria de jornais antigos

Na década de 1960, havia dois jornais de destaque: o Jornal de São Borja (que vinha do ano de 1940), e o 7 dias, que surgiu em 1963. Ambos, segundo o pesquisador Israel Lopes, eram ligados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foram enfraquecidos e acabaram fechando por causa da Ditadura Militar. Clóvis Benevenuto aponta que “embora tenha fechado com o Golpe, o 7 dias voltou a funcionar, em 1965, circulando até o ano de 1969”.

Arquivo  João José Munro
Jornal de São Borja, 25 de Março de 1962
7 dias, 9 de Março de 1969
Mudança nos logos ao passar dos anos.
Primeira edição. 31 de Outubro de 1995.

O nome Alternativo fez jus à ideia a que o jornal se propunha. De 31 de outubro de 1995, ao ano de 2009, circulou na cidade o crítico impresso semanal. Segundo Chaves, havia muito conflito político em relação ao que era publicado no jornal, possivelmente pelo fato de não ser ligado a nenhum órgão de interesse partidário.

Funcionários eram poucos, cerca de “meia dúzia”, calcula. No início “começamos pequeninos, numa salinha aqui de casa, era bem sem graça, quase como uma comida sem sal, mas o impacto foi tão positivo

Arquivo: Suzy Rillo
Arquivo: João José Munro

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PERCURSOS DO JORNAL IMPRESSO EM SÃO BORJA

O primeiro jornal impresso de São Borja de que se têm informações, conforme o pesquisador Israel Lopes, é o Echo das Missões, de 16 de agosto de 1884.

No entanto, o livro Memórias sobre a imprensa em São Borja, organizado pelas professoras Cárlida Emerim e Joseline Pippi, atenta para um detalhe importante: no tempo dos jesuítas – em São Borja de 1682 à 1756 – já existia uma forma escrita de troca de informações, as chamadas Cartas Anuas, que eram relatos de atividades realizadas durante o ano e enviadas pelos padres aos seus superiores em Roma.

O professor de História Tiago Cadó vai além. Quando perguntado sobre o primeiro jornal existente em

São Borja, considera difícil afirmar uma data certa e sugere a possibilidade da existência de algum jornal

no período missioneiro. “Não temos como afirmar que o jornal mais antigo não remonte ao tempo dos

jesuítas”, comenta, argumentando que muito se perdeu em relação a documentos antigos que

poderiam confirmar essa possibilidade.

O jornal mais antigo


Supondo o Echo das Missões como o primeiro impresso da história são-borjense, Israel Lopes o define como um informativo, que transmitia notícias do município, propagandas, estatísticas de vendas e produções locais. “Foi um jornal que teve vida efêmera e logo passou a se chamar O Município”, complementa.

De acordo com Lopes, na verdade não houve uma substituição de jornais, mas de nome e de proprietários. Clóvis Benevenuto, professor e também pesquisador da história são-borjense, confirma essa possibilidade. Portanto, “ambos são considerados o mesmo jornal”, fazendo com que historicamente eles sejam classificados como um só. Assim, temos o Echo das Missões (1884) e O Município (1887) como “o primeiro jornal impresso” de São Borja.

 

Posteriormente surgiu o jornal O Movimento, em 1888, que durou até 1893. Pouco se têm informações sobre esses primeiros jornais que circularam na cidade no século XIX pelo fato de o município não contar com um acervo em que se possam encontrar exemplares ou mesmo obter conhecimento acerca de relíquias do jornalismo local.

Por se tratar de datas longínquas, surge ainda a dificuldade de encontrar alguém que tenha participado – como colaborador ou como leitor – dessas primeiras publicações, tampouco alguém que se recorde de sua existência. Como bem salienta Cadó, “a falta de registros faz com que parte dessa história vá se perdendo, e as atuais e futuras gerações acabam sendo ‘penalizadas’”.

O mais importante
 

Conforme o livro Memórias sobre a imprensa em São Borja, em setembro de 1895 foi fundado, por Aparício Mariense da Silva, o jornal 13 de Janeiro, que tinha circulação semanal.

O 13 de Janeiro é considerado o jornal de maior destaque por pesquisadores como o professor Tiago Cadó e advogado Israel Lopes. “Esse era o mais atuante, porque era a favor da abolição da escravatura. Foi o jornal mais abrangente em notícias, inclusive de política. Acredito que tenha sido o mais importante, também porque o Aparício se destacava

como defensor da abolição e, por causa disso, era uma figura nacional”, assinala Lopes no áudio ao lado.

Cadó disserta sobre essa influência política do jornal, considerando-o também como o maisimportante,

e complementa: “a nossa trajetória política em São Borja se consolida nessa época, tendo o jornal

13 de Janeiro um papel muito importante no romper do século XIX ao século XX”.

 

Segundo Cadó, no dia 13 de janeiro de 1888, foi aprovada, na Câmara de Vereadores de São Borja, uma moção plebiscitária escrita pelo vereador Aparício Mariense que, juntamente com outros, questionava o terceiro reinado no Brasil, que naquele ano ocorreria com a coroação da Princesa Isabel.

Em relação à “marca” 13 de Janeiro, é interessante observar que se trata de nome de uma rua da cidade, e do nome “Vila 13” – onde hoje é o município de Santo Antônio das Missões. Israel Lopes aponta essas nomeações como sendo homenagens àquela moção plebiscitária de 1888. A partir desses coincidentes tributos é considerável a ideia de o jornal 13 de Janeiro também ser uma homenagem à moção, já que ambos foram instituídos pelo mesmo autor.

Depois dele, surgiu em 1902, o jornal Missioneiro que, de acordo com o livro organizado por Cárlida Emerim e Joseline Pippi, “se intitulava como órgão do partido republicano cuja ideologia se encarregava de difundir (suas ideias partidárias)”. No livro consta ainda uma possibilidade de no ano de 1914 ter havido um segundo impresso de mesmo nome Missioneiro, e esta nova edição do jornal enfrentava certo confronto crítico com outro periódico, chamado Uruguay.

 

O mais duradouro


O jornal Uruguay surgiu em 1906 ou 1907, não se tem confirmação de sua real data de fundação. Conforme Lopes, “até a década de 1940 ele ainda era forte. Foi um jornal da facção do PSD, que era contra o PTB”. Edom Azambuja, 83 anos, foi um dos colaboradores – como assim se define – do Uruguay. Conta que quando começou a participar do jornal “ele era ordem do Partido Social Democrático. Tinha o Uruguay, que era do PSD, e o Jornal de São Borja, que era do PTB”, explica.

Azambuja comenta que a política era muito acirrada na mídia impressa. “Quando se lê esses jornais antigos dá para ver que a maior parte era sobre política”, cita. Sua coluna era dedicada ao esporte. “Era só sobre notícias e resultados das partidas de futebol, um resumo. O jornal era muito pequeno, mas tinha uma parte que ficava para o esporte”, completa, ressaltando que sua colaboração foi durante dois anos.

Sobre esse jornal que foi o mais duradouro em relação aos demais, com cerca de 46 anos de circulação, não se sabe também, segundo a publicação Memórias sobre a imprensa em São Borja, do seu ano de fechamento, mas há possibilidade de ter sido em 1952. Azambuja acredita que tenha sido por volta de 1955 ou 1956 - se foram nessas datas, o jornal Uruguay teria durado quase 50 anos.

O ex-colunista conta sobre a tentativa de dar continuidade ao veículo após seu fechamento: “Um amigo me perguntou por que eu não pedia ao seu Protásio Vargas as máquinas, pra nós darmos continuidade ao impresso. Eu falei com o doutor (Protásio), e junto com esse amigo e mais um antigo funcionário que fazia as impressões, tentamos por mais dois anos. Infelizmente foi difícil, porque começaram a surgir outros jornais e nós não éramos jornalistas”. No vídeo, Edom Azambuja fala um pouco sobre como era o jornal e os lugares em que eram elaboradas as edições antes de circularem pela cidade.


 

Houve em São Borja, vários produtos jornalísticos impressos durante a primeira metade do século XX. Alguns, não menos importantes, mas pouco visados entre pesquisadores e moradores da cidade.

Em 1921 o município contava com a criação de quatro novos jornais: Correio da Fronteira; o Orientador que - segundo consta no livro de Cárlida e Joseline - identificava-se como “órgam independente, industrial e comercial”, diferente dos até então existentes; ainda neste ano surgiu O Garoto que “era um jornal satírico que se utilizava de crítica em forma literária e humorística para se tratar sobre os fatos da cidade”, conforme o livro citado; e o Pyscilão que tem data provável de 1921 ou 1922. Em uma edição do Pyscilão, de julho de 1947, pode-se perceber também o seu caráter humorístico nas duas pequenas páginas.

Já em 1940, começou a circular o Jornal de São Borja (melhor enfatizado adiante), com fundação de João Belchior Goulart, o Jango. Mais tarde, em 1944, o grêmio estudantil do Ginásio Estadual de São Borja - atual Colégio Estadual de São Borja (CESB) - criou o jornal O Clarim que contava com uma coluna tradicionalista a cargo de Apparício Silva Rillo.

De acordo com o professor Clóvis Benevenuto, “se forem apurados todos os tipos de jornais impressos que circularam na Cidade, incluindo os mais e os menos duradouros, haveria muitos outros a serem citados”, além desses melhor enfatizados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Em meio ao Golpe Militar

A política era uma característica veemente nos jornais que circularam até o Golpe Militar de 1964, tanto em quantia de informações, quanto como forma de existência de determinados jornais. Cadó afirma: “Os jornais eram muito ligados a causas políticas, principalmente no final do século XIX, vindo a se consolidar no XX com as eras Vargas e Jango”, e completa ressaltando que a influência era tanta que partidos políticos usavam veículos impressos como ferramentas para duelar.

O livro Memórias sobre a imprensa em São Borja traz como característica do Jornal de São Borja o fato de não apresentar opiniões ideológicas claras, o que o diferenciava dos demais periódicos que circulavam naquela época. Inicialmente, o jornal localizava-se na Rua Aparício Mariense, e em seguida foi transferido para a General Osório, 1024, no bairro do Tiro.

 

O 7 dias tinha como frase de efeito “Informando para o presente. Registrando para o futuro”, logo abaixo do nome em algumas edições, e ao lado em outras. Apareciam também os dizeres “de sete em sete dias” na parte editorial.

Israel Lopes afirma que depois das consequências do Golpe Militar não foi criado nenhum outro jornal até 1970.

Então, neste ano, através da família Grizzólia foi fundado o Folha de São Borja, a qual circula até hoje na cidade com edições bissemanais. Alguns outros jornais surgiram na sequência: em 1988, o Maria Fumaça; em 1989, o Fronteiriço que circulou até 2001 de forma gratuita; no ano de 1990 foi fundado o Tribuna da Fronteira; em 1995 o jornal Exclusivo que teve apenas 10 edições, e o Alternativo. No início do novo século, a cidade começou a contar com um jornal chamado O momento, que também teve pouca duração.


 

Uma nova Alternativa

O ano de 1995 foi marcado pela chegada de um jornal que servia como alternativa em relação a quem tinha somente um veículo como principal fonte de notícias. Amarino Chaves conta que após muitos anos trabalhando em rádio, decidiu começar a trabalhar por conta própria e teve a ideia de montar um jornal diferente do que já circulava naquela época. (Amarino Chaves fala sobre sua carreira).

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